Igreja de Santiago


A atual Igreja de Santiago sucede à primitiva capela dedicada ao patrono da Ordem, originalmente edificada dentro do castelo, paredes-meias com os Paços e Convento e muito próximo da Igreja Matriz de Santa Maria do Castelo. Após a mudança do convento espatário para Palmela, em 1482, e com a ruina progressiva dos paços e a construção no mesmo local, em finais do século XVI, do mosteiro de clarissas de Aracoeli, a antiga capela de Santiago acabaria por transitar para outro local, embora, por determinação do rei D. Sebastião, as freiras fossem obrigadas a manter, na igreja conventual, um altar dedicado a Santiago e a rezar pelos mestres da Ordem Espatária.

Com o crescimento de Alcácer na zona ribeirinha, a nova igreja de Santiago vai ser construída mais próxima do rio Sado, estando já aí a funcionar em julho de 1634 e substituindo a paróquia de Nossa Senhora da Consolação. O rei D. Pedro II, como administrador da Ordem de Santiago da Espada, em 1700, decide mandar ampliar e reedificar esta igreja.

O arquitecto escolhido foi João Antunes (1642-1712) que assinou uma escritura de empreitada, que chegou até nós, figurando nela também o nome dos mestres pedreiros José Gomes da Silva e Bartolomeu de Oliveira. A estes dois associou-se, depois José da Costa Vale, também mestre pedreiro.

A nova igreja de Santiago de Alcácer, projetada por João Antunes e iniciada nos alvores do século XVIII, ergue-se numa plataforma imponente, virada para o Sado e servida por uma grande escadaria. O exterior é sóbrio, as linhas arquitetónicas bem definidas e de grande simplicidade decorativa. A fachada principal, com um pórtico de mármore de frontão curvo e interrompido, é marcada sobretudo por duas grandes torres de onde abençoa a cidade e toda a beira-rio. É na opinião do historiador de arte Vítor Serrão um edifício de arquitectura chã, mais militarista e “menos barroca” da actividade de João Antunes como arquiteto de igrejas. Numa placa surge o ano de 1746, certamente o ano da sagração do atual edifício.

Ao entrar no templo, o olhar perde-se nas cores e nos muitos dourados da talha dos altares, com colunas salomónicas, anjos atlantes e cachos de uvas e o imenso azul e branco dos azulejos que revestem as paredes. O barroco da decoração interior contrasta com a grande sobriedade das cantarias e dos alçados exteriores. A igreja é constituída por uma só nave de grandes proporções, tipicamente setecentista. É revestida por painéis azulejares que contam a vida do Apóstolo Santiago, desenrolando-se em cima, cenas em torno dos mistérios da vida da Virgem. Nos lados da capela-mor, evidenciam-se painéis de azulejos (já do período rococó), únicos no género, mostrando um freire de Santiago a ser ordenado cavaleiro por Cristo e, em frente, a Aparição da Santíssima Trindade aos espatários vestidos para o combate pela fé.

Desde a reconquista que Alcácer do Sal foi doada à Ordem Militar de Santiago da Espada. Integrou os caminhos dos peregrinos a Compostela que, vindos do Sul, aí atravessavam o Sado na barca de passagem.

Este edifício de Santiago, sede da freguesia com o mesmo nome, foi iniciada no reinado de D. Pedro II, no século XVIII, e concluída no tempo de D. João V, mantendo viva a tradição cultual ao Apóstolo.